Em São Sebastião, a oficina do Mapa das Desigualdades aconteceu na Casa de Paulo Freire, espaço tradicional da cidade, onde ocorrem atividades de educação, como alfabetização de jovens e adultos, atividades culturais, saraus etc. Começamos com poucas pessoas, mas bastante representativas, tais como, Casa Frida (que trabalha com mulheres), estudantes da ocupação do IFB, ativistas sociais da área de Seguridade e dos direitos de crianças e adolescentes e terminamos com um grupo maior, com a chegada de outros estudantes da ocupação, representante da Horta Comunitária Girassol, que faz parte do GT de Agricultura Urbana, poeta e comunicador local etc.
A discussão foi bem politizada, pois estávamos dialogando com lideranças comunitárias, que representam outras que não estavam presentes. Começamos novamente refletindo em cima da letra de uma música local, o Rap Imagem de Rua, do grupo SOS Periferia, clássico de São Sebastião e lista problemas locais, que disseram ter dez anos mas ainda ser bastante atual.
Algumas questões têm se mostrado recorrentes: segurança pública precária, mas a velha contradição periférica, se não temos polícia a violência aumenta, mas se temos polícia a abordagem nas comunidades nem sempre é legal com a juventude local, especialmente a juventude negra; saúde deficitária, não por falta de equipamentos públicos, mas por eles funcionarem precariamente, falta de escolas, especialmente para educação infantil e ensino médio, grande incidência de trabalho infantil, falta transporte público integrado (que circule na cidade e entre outras cidades). Houve um depoimento interessante: “queremos fazer nossos corres e nos divertirmos em outros lugares, como Taguatinga e Ceilândia e não apenas no Plano, mas para irmos a qualquer dessas cidades temos de pagar R$ 16,00 de ônibus, pois temos de ir ao Plano para irmos aos outros locais”. Há mais em comum entre nossas periferias do que sonha a nossa vã filosofia, por exemplo, tem ônibus entre São Sebastião e Sudoeste, já que não há para quase lugar algum, o por quê? Levar trabalhadxres domésticxs.
E nos surpreendemos positivamente com a expectativas de continuidade, até mesmo de um mapeamento fotográfico dos locais e o aprofundamento do diagnóstico.