Dia 29/03, das 08 às 18h, na Estrutural: foi um domingo produtivo, com música, conversa e trabalho suado. Ao final do dia, mãos cansadas, sorrisos nos rostos, pois um grande passo foi dado. O suor veio de lixar, pintar e adesivar 26 bicis: passos concretos para o sistema de bicicletas compartilhadas do Coletivo da Cidade deixar de ser sonho. A vida de mães e jovens vai ficar um pouco diferente com as “vermelhinhas” circulando pela cidade, facilitando a locomoção e também divulgando: use a bicicleta, mais e mais.
O mutirão de padronização das bikes foi promovido pelo Coletivo da Cidade, Projeto OCA, a ONG Rodas da Paz e o GT de Mobilidade Urbana do Movimento Nossa Brasília. O formato de uso das magrelas será decidido por consenso, numa roda de conversa com as usuárias: mães dos jovens que participam do Observatório da Criança e do Adolescente (OCA).
Francisco Edson Rocha, mais conhecido como Johny Bike, não dormiu, foi do trabalho noturno direto para o Coletivo. Comerciante local, ofertou equipamentos de sua oficina, sua força de trabalho e disposição. Tudo fruto da vontade de ver gente se beneficiando do uso das “vermelhinhas”. “Aqui é uma comunidade de classe baixa e a bicicleta não é um lazer, mas um meio de transporte, facilita a vida demais. Tem gente que não tem condições de comprar um bike e essas aqui vão ajudar muito”.
E não é só uma questão de mobilidade sustentável… “Essa iniciativa mistura o debate sobre o uso da bicicleta com a questão da autonomia de gênero. As mães, que já usam a bicicleta para levar o filho à escola ou para ir à feira, terão mais um apoio com o sistema de compartilhamento de bicicletas. A ideia é que mais e mais mulheres tenham acesso à bicicleta para circular com autonomia”, disse Josi Paz, da Rodas da Paz.
“O transporte mais utilizado na cidade já é a bicicleta. As mães já usam o tempo todo”, conta Jaqueline Souza, educadora do Coletivo e moradora da Estrutural. Mas com o sistema de compartilhamento, Jaque acredita que algumas coisas podem mudar. “Mais mulheres podem ser estimuladas a usar a bike e, se uma fala para vizinha do sistema coletivo e a convida a usar, isso segue no boca a boca… Então a gente vai criando uma rede”. Muda a noção de que a “bike é minha” para a percepção de que “é minha, mas é também da minha companheira e pode ser de outras pessoas”, preconiza a educadora.
Mas qual o passo a passo para um sistema de bicicletas compartilhadas acontecer? O primeiro foi arrecadar as bicis, trabalho feito pela Rodas da Paz. O segundo foi o próprio mutirão. E, de agora para frente, Josi Paz explica o que acontecerá: “Para fazer o sistema de bicicletas funcionar a primeira etapa é divulgar a ideia e fazer com que os tempos de empréstimo tenham muito a ver com a realidade das pessoas. A gente vai construir uma política de uso, para que as bicicletas fiquem disponíveis para mais gente”. Se você se interessa em participar desse diálogo, fique atento ao convite para a roda de conversa!