Por Cia de Teatro Bisquetes
Sabemos que a comunidade LGBTI sempre enfrentou opressões, preconceito e violações e que, atualmente sofre com retrocessos em diversas áreas. De vez em quando, nos vemos também diante de algumas vitórias, como a recente decisão do STF que permite que pessoas trans possam alterar seus nomes e gêneros nos cartórios, o ambulatório trans que está em pleno funcionamento ou o induto de dia das mães que contemplou também mulheres transexuais e travestis.
Como pessoas negras e de periferia, não poderíamos deixar de destacar que em contrapartida a essas recentes conquistas, a população LGBTI de periferia, em sua maioria negra e pobre, continua enfrentando os mesmos problemas que a população de classe média branca já superou. Enquanto algumas pessoas gozam da liberdade de andar nos centros urbanos, com dignidade, usufruindo de direitos conquistados, nos é negado o direito à vida, da forma mais básica. Nos perguntamos: como os/as nossos/as podem usufruir desses equipamentos e direitos, se não temos sequer saneamento básico em nossas cidades? Se não temos educação, cultura, lazer ou segurança?
Acreditamos que os direitos e as políticas públicas devam ser universais, não se pode pensar nelas separadas, fragmentadas. Para que isso aconteça, os grupos historicamente marginalizados precisam ser alvos prioritários, com políticas especificamente pensadas para combater a desigualdade. Como GT de gênero e sexualidade do Movimento Nossa Brasília, movimento este que discute sobretudo o direito à cidade para todas as pessoas, de forma a alcançarmos a equidade de direitos e de acesso às políticas públicas, trazemos nesse dia 17 de maio – data do combate à LGBTIfobia – uma reflexão: será que estamos realmente preocupados em combater, escutar, dialogar e defender os direitos das pessoas LGBTI negras e de periferia? Ou nossas ações e preocupações continuam focadas nos centros privilegiados da cidade?
Nossa resposta segue firme.: Vamos continuar resistindo: nossa pele será nosso manto, nossa armadura será nossa história, nossa espada será o empoderamento e a ressignificação, a cada viadinho, poc, bixinha e afins, teremos a resposta do respeito e do amor para com os nossos. LGBTI de periferia, PRESENTE!