Na foto: Taty e sua mãe, Janice

A segunda etapa do Mapa das Desigualdades encarou os indicadores de políticas públicas e sociais da Estrutural, revelada como a cidade mais desigual do DF em relação ao Plano Piloto.

É importante resgatarmos nossas histórias, nossas vivências e nossas lutas. Nesse resgate sempre nos encontramos num impasse: vemos as desigualdades e dificuldades que enfrentamos, mas também nos reconhecemos como um povo de luta, resistência e resiliência. Continuamos em frente, em marcha, em luta!

Foi nesse contexto que iniciamos a segunda edição do Mapa das desigualdades do Distrito Federal. O projeto foi dividido em algumas partes, todas com suas características e técnicas, mas sempre dando destaque e protagonismo para as pessoas da Estrutural. A proposta era dar cara aos indicadores. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que atrelado aos números e dados dos indicadores, há histórias reais de pessoas que vivenciam as políticas, ou a ausência delas, cada uma a sua maneira.

A cidade escolhida foi a Estrutural, que dentre as Regiões Administrativas pesquisadas no primeiro Mapa das Desigualdades (2016) era a região com os piores indicadores de políticas públicas e sociais em relação ao Plano Piloto. A partir disso e em conjunto com a Cia de Teatro Bisquetes (composta por moradores da Estrutural que são integrantes do Movimento Nossa Brasília no GT de Gênero e Sexualidade) foram definidas algumas técnicas de pesquisa para qualificar essa etapa do trabalho.

Dentre as técnicas escolhidas, as etnografias foram essenciais para entender como os indicadores se fazem reais na cidade. Ela consiste em visitas de campo/pesquisas de forma a recolher dados qualitativos. A pesquisa foi realizada e guiada por uma moradora ou morador da cidade, o que levou muito em consideração não só os registros e impressões do pesquisador, mas também da comunidade. O grupo focal foi outra ferramenta que qualificou a nossa pesquisa, pois pudemos observar como os diferentes grupos da cidade vivenciam os indicadores. Fizemos quatro grupos focais, crianças, jovens, moradores antigos/catadores e população LGBTI.

As fotografias, vídeos e coleta de entrevistas também fizeram parte do processo e foram muito importantes para a pesquisa. Foram feitos pequenos vídeos de dois minutos, que contam a história de personagens da cidade e como eles vivenciam a realidade trazida pelos indicadores. As fotos serviram para dar visibilidade às moradoras e aos moradores da cidade, que no decorrer do processo foram se sentindo pertencentes e parte do todo.

No dia 28 de março trouxemos os resultados desse processo para a comunidade. O evento ocorreu no Ponto de Memória da Estrutural, instituição parceira desde o início da pesquisa, que nos cedeu o local para reuniões e auxiliou com as mobilizações. Com a presença das pessoas envolvidas no processo, a noite começou com uma esquete da Cia de Teatro Bisquetes, propondo uma reflexão sobre a cidade. Em seguida, apresentamos os dados coletados, exibimos os vídeos e também dialogamos sobre a incidência que faríamos após isso. O encerramento ficou a cargo do Grupo de Rap Quadrilha Intelectual, do Recando das Emas e dos dançarinos de break e street dance do Furious Gee, da própria cidade Estrutural. Enquanto tudo acontecia, uma parede do Ponto de Memória estava sendo grafitada pelo artista Edde.

Apresentação da Cia de Teatro Bisquetes

Cleo Manhas, assessora do Inesc e membro do Nossa Brasília, apresenta a metodologia da pesquisa

Leila Saraiva, assessora do Inesc, fala dos indicadores pesquisados

Apresentação do grupo de Rap Quadrilha Intelectual

Apresentação de break e street dance com Furious Gee

A pesquisa mostrou que realmente aqueles dados e indicadores negativos afetam a cidade Estrutural e sua população. Ressaltou as dificuldades que passamos com a falta de politicas públicas efetivas e de qualidade, mas também revelou uma cidade capaz de se reinventar, de resistir e de sobreviver diante de um cenário tão desfavorável.

A cidade Estrutural vive e resiste!

 

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