Nesta semana faremos algo diferente, pois os dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD/2018) foram apresentados e não podemos deixar de comentar o enorme abismo que nos habita, até porque, o coeficiente de GINI demostrou que a desigualdade ampliou, fomos de 0.53 em 2015, para 0.58 em 2018. Com relação à renda, cerca de 55% da população está entre a renda baixa e média baixa, sendo que as de menores rendas residem na Estrutural, Fercal, Itapoã, Paranoá, Recanto das Emas e Varjão, regiões historicamente desassistidas pelas políticas públicas.

Quando olhamos para as diferenças entre Homens e Mulheres, percebemos que a renda média das mulheres corresponde a apenas 75% da renda média dos homens, mesmo que elas tenham mais escolaridade que eles. Elas ainda gastam cerca de 3 vezes mais tempo com tarefas domésticas que eles, 21.6h contra 8,9 horas.

Com relação à raça/cor, no grupo 1, ou das rendas mais altas, cerca de 65.8%, são brancas, 28,5% pardas e apenas 4,5% pretas, já no grupo 4, das rendas mais baixas a realidade fica bem diferente, 60% são pardas, 28% Brancas e 13% pretas. Ou seja, a população negra (pretos e pardos) representa 73% do grupo com rendas menores, enquanto que o grupo das pessoas com maiores rendas tem em sua formação 65,8% de pessoas brancas.

Com relação a alguns pontos da política de mobilidade urbana e direito à cidade, 71% das pessoas do grupo 1 diz ter ciclovia e ciclofaixa perto de casa, contra 41% do grupo 4. Com relação a parques jardins, enquanto 82% do grupo 1 afirma ter algum deles próximo de casa, no grupo 4 esta porcentagem é de 37%. Ruas arborizadas 92% do grupo 1 reside em rua arborizada, enquanto que 40% das pessoas do grupo 4 residem com as árvores próximas. Disponibilidade de serviços e equipamentos de segurança são realidade para 50% do grupo 1 e apenas 6% do grupo 4.

Esta pequena amostra confirma porque Brasília é o território com o maior taxa de desigualdade do Brasil, o que exige que o poder público planeje e execute políticas que promovam a melhoria das condições de vida da população de baixa renda, políticas de ação afirmativa, de infraestrutura das cidades periféricas, especialmente aquelas com menores renda e piores condições de vida e ausência do Estado. No entanto, com a militarização das escolas, a política de desmonte da saúde, a falta de priorização do transporte público com o ataque frontal ao Passe Livre Estudantil, o projeto de redução de impostos sobre transferência de bens e sobre heranças que atende ao grupo de maior renda, em detrimento dos mais pobres, e ainda com a paralisação das políticas culturais, não há sinal de que os indicadores venham a melhorar.

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