Quando um pedaço de um dos viadutos do Eixão Sul desabou o Governo de Brasília implantou um plano emergencial para evitar um “nó no trânsito de Brasília”.

O grupo de especialistas que se reuniu para pensar nessa solução emergencial para o local chegou a uma solução que não contemplou a mobilidade ativa, como foi previsto no artigo anterior, e, piorou ainda mais a situação das pessoas que circulavam pela área sem um veículo motorizado antes do incidente.

Passado um mês, o tal plano emergencial desativou cinco dos seis semáforos que restaram. O único que resistiu funcionando foi o mais próximo do edifício do Touring, no sentido Sul-Norte.

Semáforos servem para interromper o fluxo de uma via e liberar o fluxo da outra, esse fluxo pode ser de automóveis e também de pedestres e ciclistas.

Por mais que nestes locais não houvessem travessias de pedestres sinalizadas, as faixas pintadas no chão, e os semáforos tivessem a função de interromper fluxos de automóveis, as pessoas não motorizadas se aproveitavam do tempo em que os automóveis não passavam para atravessar as ruas.

Com isso, o fluxo de motorizados que vem no sentido Norte-Sul, da plataforma inferior da rodoviária e do buraco do tatu (1), o que vem da plataforma superior da rodoviária (2) e o que vem da via que passa atrás do Conic (3), que antes eram interrompidos por semáforos, agora convergem no início do Eixo W Sul, sem interrupções, tornando a tarefa de travessia pelas pessoas praticamente impossível.

No sentido Sul-Norte, o número de faixas aumentou, o que antes eram quatro, hoje são sete faixas sem nenhum semáforo! Mais faixas e menos interrupções aumentam a velocidade dos veículos, tornando praticamente impossível que um pedestre atravesse próximo ao Setor Bancário Sul.

Ah, mas os pedestres podem atravessar na Galeria dos Estados! Podem sim. Mas essa travessia só é adequada pra quem vai do Setor Bancário Sul ao Setor Comercial Sul e vice-versa. Quem vai do primeiro ponto de ônibus do Eixo W Sul e da Galeria dos Estados para o Conic perdeu o semáforo que utilizava para chegar ao Conic, Rodoviária e Conjunto Nacional. Da mesma forma, quem vai do Conic ao Touring, à Rodoviária do Entorno e ao setor Bancário Sul também foi prejudicado.

O mais curioso disso tudo é que o neste trecho a velocidade do Eixão foi reduzida, de 80 km/h para 40km/h e a fluidez do eixão aumentou, provando que com menos velocidade mais automóveis conseguem circular no mesmo local, reduzindo engarrafamentos e a lentidão.

Mais uma vez, o governador que assumiu o DF com um plano de governo onde um dos objetivos na mobilidade é “priorizar o transporte não motorizado em relação ao motorizado e o motorizado coletivo em relação ao individual” e que assinou a Carta Compromisso com a Mobilidade Sustentável, onde se compromete a “inverter a atual prioridade dada aos meios de locomoção, estabelecendo metas de redução do percentual das viagens diárias feitas de carro ou moto, assegurando a fluidez preferencial aos pedestres, às bicicletas e ao transporte coletivo, reduzindo os espaços destinados ao uso individual do carro”, faz o contrário, mantendo Brasília e o Distrito Federal no rodoviarismo, privilegiando os automóveis em detrimento das pessoas, da mobilidade ativa, dos passageiros do transporte público e da Política Nacional de Mobilidade Urbana.

Share This