Nessa semana, o habitual branco da Esplanada foi tingido de jenipapo e urucum pela diversidade dos povos indígenas do país. O Acampamento Terra Live, em sua 15ª edição neste ano, se instalou ao lado do Teatro Nacional, com a presença de mais de 3 mil indígenas de todo Brasil, ocorrendo entre os dias 24 e 26/04. Dias ricos em que marchas, debates e audiências foram realizados para enfrentar os crescentes ataques às populações indígenas, não apenas na invasão de seus territórios pelos interesses econômicos como a mineração e o agronegócio, mas também nas investidas contra as políticas públicas conquistadas com muita luta, como a educação e a saúde diferenciadas. Os povos indígenas, assim como outras populações tradicionais cujas existências negam o ditame do capital, estão na mira do projeto do governo Bolsonaro, que aprofunda sem pudor a mentalidade colonial fundante do país.
A concepção do governo Ibaneis não parece se diferenciar da que guia o governo federal, embora tenha sido principalmente com indiferença que o GDF respondeu à maior mobilização indígena do país. Como se nada tivesse acontecendo, o governador manteve sua agenda de compromissos, sem qualquer posicionamento ou oferecimento de apoio e infraestrutura para o acampamento. Foi apenas depois de muita negociação que o GDF abriu mão de sua proposta inicial de transferir o ATL para o Estádio Nacional, longe de onde ocorrem as decisões políticas nacionais que afetam diretamente os povos indígenas. Graças à organização indígena, no entanto, o Acampamento Terra Livre cumpre seu papel histórico contra o projeto em curso, declarando que 519 anos de resistência não serão apagados por governo algum.
Fotos: Mídia Índia, Mídia Ninja e Apib