Plenária livre realizada na Ocupação Mercado Sul Vive no último sábado (20) reuniu várias organizações que debateram a Transbrasília, um projeto de megaobra que tem sido encaminhado pelo Governo do Distrito Federal sem a devida participação popular.

A atividade foi organizada pelo Movimento Nossa Brasília em parceria com o Mercado Sul Vive (MSV), o Movimento Passe Livre (MPL-DF) e o Fórum Hip Hop Samambaia e contou com a participação de outros grupos como a Consulta Popular, RUAS, PSOL e moradores da região que será impactada pela obra.

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A plenária foi aberta por Abder Paz, integrante do MSV, que apresentou a ocupação e explicou a situação que o espaço passa com a ameaça de reintegração de posse que corre na justiça. Foi reforçado no momento que a luta pelo direito à cidade levada a cabo pelo Mercado Sul se entrelaça com a mobilização que busca garantir a participação popular nas decisões do destino do espaço urbano, como é o caso do encontro que discute a Transbrasília. Na sequência, uma dinâmica possibilitou que cada participante apresentasse suas perspectivas sobre a cidade que queremos e o que não queremos em nossa cidade. O momento foi importante para o conhecimento mútuo das leituras sobre o direito à cidade e um alinhamento possível para o restante da atividade e da mobilização que está sendo construída.

Yuriê César, novo facilitador do GT de mobilidade urbana do Nossa Brasília, fez uma apresentação do processo da Transbrasília, apontando o caminho histórico do projeto, as etapas já vencidas e as contradições facilmente encontradas na proposta oficial, como o seu caráter rodoviarista somado a perspectivas sustentáveis tratadas apenas de maneira pró-forma.

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No debate aberto, vários participantes rememoraram que a proposta desta obra remonta à via Interbairros e que teve seu caminho planejado e facilitado com as alterações históricas no PDOT. Paique Duques do MPL-DF alertou que a leitura possível é que as empresas do ramo imobiliário e construtoras já estavam pré-organizadas para este empreendimento há muito tempo e que o GDF trabalha com um discurso falacioso de descentralização econômica para legitimar seu encaminhamento. Houve consenso na reunião que o projeto serve primeiro aos interesses do capital imobiliário em detrimento das populações impactadas e que o real interesse da obra seria a retomada da taxa de lucro das empresas.

Como forma de continuidade da mobilização, alguns participantes propuseram a criação de uma frente que possa concentrar as ações relativas à Transbrasília, porém seu caráter e definição ficou para ser construída processualmente nos próximos encontros. O grupo decidiu que o Movimento Nossa Brasília continua sendo a interface da mobilização enquanto se decide o destino da frente.

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Como um dos encaminhamentos, tirou-se a necessidade de se aprofundar a leitura técnica e jurídica do projeto. Para esta tarefa, foi marcada uma reunião deste grupo de trabalho específico para o dia 24 de agosto na sede do Inesc, Setor Comercial Sul. Este grupo tem como demanda a sistematização de 10 argumentos contrários à obra para a realização de uma campanha. Outro encaminhamento sobre mobilização foi a criação de um grupo de whatsapp e e-mails, ferramentas que podem facilitar os processos e ações.

Mapa da Transbrasília

Mapa da Transbrasília

A plenária livre realizada no Mercado Sul também tirou como encaminhamento a provocação de uma audiência pública que convoque o GDF a tornar claro o projeto da Transbrasília. O Ministério Público foi apontado como outro ator a ser provocado no caso.

A próxima reunião ampliada foi marcada para ser realizada na Samambaia na manhã do dia 03 de setembro. A ideia é que os encontros continuem nas regiões administrativas impactadas pelo projeto. O indicativo de local é o Espaço Imaginário Cultural.

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