Luis Jungmann Giraffa, morador do Distrito Federal, é um artista plástico que faz o que ama. Para além de um profissional bastante reconhecido no cenário das artes, é uma pessoa que se considera envolvida com Brasília. Está emaranhado com a cidade tanto afetivamente quanto profissionalmente, desde que aqui veio residir. Giraffa fez faculdade de arquitetura e teve como foco a composição cênica para cinema, teatro e espetáculos… A fotografia, contudo, despontou como um talento que já nos rendeu muitos cliques e “cartões postais” da Capital do Brasil.

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Foto: Giraffa/ Ciclista no Eixão, altura da Rodoviária

-Onde você nasceu e qual a  relação da sua história de vida com a cidade? O que significa para você morar em Brasília?

Sou de Juiz de Fora, vim para Brasília em 1960 com meu pai de forma compulsória. Hoje posso até dizer que gosto de viver em qualquer lugar… Já tive mais ligação com Brasília, mas percebo que a cidade perdeu a utopia que a criou. Hoje é poluída visualmente, e considero isso desrespeitoso com seu projeto inicial. A Esplanada agora é como um bazar permanente… Enfim. Apesar dos desafios, eu ainda gosto de Brasília, de morar aqui. Afinal, é aqui tenho amigos, trabalho e ganho meu dinheiro fazendo a minha arte. Mas não me sinto grudado em Brasília, não, e até tenho vontade de me desgrudar mais do que já consegui. Porque sinto que esta é uma cidade muito cruel com os artistas… É um verdadeiro túmulo das artes. Veja o cenário do início de 2015: Teatro Nacional, fechado; Espaço Renato Russo, fechado; MAB e várias outras galerias de arte, tudo fechado. Há indícios de um descaso profundo com a cultura e os artistas locais…

 

 

-Como Brasília incide no seu trabalho de fotografia?

Se eu morasse em Paris, fotografaria Paris… Não tenho interesse exclusivo e nem predileção por fotografar Brasília. Tenho, sim, um dedo nervoso para a fotografia, principalmente por conta do digital. Fotografo muito e sempre. Por isso, tenho vários trabalhos desenvolvidos sobre diferentes aspectos de Brasília. Mas não foi a cidade que me botou na fotografia…

 

 

 

-Há uma intenção política/ cidadã em suas fotos?

Não. Eu até fiz uma série de fotos inspiradas na frase “Brasília, uma cidade sem plano nem piloto”, pois vejo que a cidade perdeu o controle de sua estética. Se igualou, nos problemas, às outras capitais, e perdeu a oportunidade de ser uma cidade diferente. Não concordo com o que as pessoas estão vivendo aqui hoje. Todo mundo focado em concursos, em comprar apartamentos… Acho tudo isso uma loucura. Não estou ligado a nenhuma causa política. Minha filosofia atual é: tenho muitas coisas boas para fazer e, portanto, faço o que quero.

 

-Gostaria de comentar ou contar um pouco da história e da concepção de alguma(s) foto(s) da seleção?

Não


-Há alguma foto que tenha relação forte com o tema:  “a ocupação da cidade pelas pessoas”?

A fotografia foi uma extensão do meu trabalho como artista. Fotografo tudo. Não há predileção por esse tema ou qualquer outro. As fotos que faço de Brasília não obedecem a uma intenção prévia, mas à medida que fotografo elas podem sugerir um tipo de abordagem da cidade onde se encaixam.

 

Qual é seu sonho para Brasília?

Minha utopia para a cidade? Com o meu atual nível de insatisfação? (…) Não há! Já a minha utopia pessoal está viva, e é participar sem aderir… Quero participar dos meus próprios projetos.

 

Tenho uma ponta de esperança no governo atual, pois na Secretaria de Cultura tem pessoas de credibilidade, que vivem do que fazem e têm uma visão interessante da cidade. Só não sei se, no contexto atual, vão dar conta de lutar pelo sonho perdido ou se nessa tentativa vão enlouquecer (risos). Mas resgatar a utopia que criou Brasília seria algo muito importante.

 

 

 

 

 

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